Leucemias: São Todas Iguais?

Por Dra. Maria Cristina Nunez Seiwald

11 de abril de 2025

O Que é Leucemia?

A leucemia é um tipo de câncer que afeta a medula óssea, órgão responsável pela produção dos componentes sanguíneos, como glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. A doença é caracterizada pela produção desordenada de glóbulos brancos anormais, o que interfere no funcionamento normal do sangue, prejudicando a capacidade do organismo de combater infecções, transportar oxigênio e controlar sangramentos.

Essa condição é classificada como uma doença hematológica, cuja origem está na mutação de células-tronco hematopoéticas. Essas células são responsáveis pela formação das células sanguíneas e, quando alteradas, elas se multiplicam descontroladamente, impactando gravemente a saúde do paciente. A leucemia pode se manifestar de maneira aguda ou crônica, apresentando variações e comportamentos dependendo do subtipo.


Tipos de Leucemia

As leucemias não são todas iguais, existem alguns tipos diferentes e se dividem com base na rapidez de progressão (aguda ou crônica) e no tipo de célula afetada (linfocítica ou mieloide).

Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA)

Esta é a forma mais comum em crianças, mas também pode afetar adultos. A doença progride rapidamente e requer tratamento imediato. A LLA começa nos células linfóides da medula óssea, promovendo a proliferação excessiva de linfoblastos, células imaturas que deveriam desenvolver-se em linfócitos, responsáveis pela defesa do organismo.

Leucemia Mieloide Aguda (LMA)

A LMA é mais comum em adultos e ocorre devido à produção rápida de células mieloides anormais. Estas células imaturas não conseguem desempenhar suas funções adequadamente, o que compromete a produção de células saudáveis.

Leucemia Linfocítica Crônica (LLC)

A LLC evolui lentamente e acomete principalmente adultos, sendo mais comum em populações idosas. Esta condição geralmente afeta os linfócitos B, prejudicando a produção de anticorpos e, conseqüentemente, a resposta imune.

Leucemia Mieloide Crônica (LMC)

Caracteriza-se por sua progressão lenta e é mais comum em adultos. A LMC é frequentemente associada a uma anomalia genética específica conhecida como Cromossomo Filadélfia, que resulta em uma produção contínua e exagerada de células sanguíneas anormais.


Sintomas da Leucemia

Embora os sintomas possam variar dependendo do tipo de leucemia, existem alguns sinais comuns que os pacientes frequentemente apresentam. Dentre eles:

  • Cansaço e fadiga: Devido à diminuição dos glóbulos vermelhos, que são responsáveis pelo transporte de oxigênio.
  • Pele pálida: Relacionada à anemia causada pela deficiência de glóbulos vermelhos.
  • Infecções frequentes: Causadas pela baixa produção e funcionamento inadequado dos glóbulos brancos.
  • Sangramento fácil e roxos: Decorrente da deficiência de plaquetas, fundamentais para a coagulação do sangue.
  • Febre e suor noturno: Sintomas comuns em doenças hematológicas devido à resposta inflamatória do corpo.
  • Perda de Peso Inexplicada: Pode ocorrer sem alterações na dieta ou nos hábitos alimentares.


Tratamentos para Leucemia

O tratamento de leucemia é bastante variado e depende do tipo específico de leucemia, da idade do paciente, do estado geral de saúde e de outros fatores. As abordagens terapêuticas principais incluem:

Quimioterapia

A quimioterapia utiliza medicamentos para destruir células cancerígenas. É o principal tratamento para a maioria dos tipos de leucemias agudas e pode ser utilizada em combinação com outros tratamentos.

Terapia Alvo

Algumas formas de leucemia, como a LMC, respondem bem a terapias alvo, que envolvem medicamentos que atacam precisamente as células cancerígenas sem afetar tanto as células normais.

Radioterapia

Usa raios de alta energia para eliminar células cancerígenas. Pode ser indicado para tratar leucemias que tenham afetado o sistema nervoso central ou para reduzir o tamanho de órgãos ou massas de tecido.

Transplante de Medula Óssea

Também conhecido como transplante de células-tronco hematopoiéticas, este tratamento substitui a medula óssea doente por células-tronco saudáveis. Este procedimento pode ser utilizado para restaurar a capacidade do organismo de produzir células sanguíneas normais.

Imunoterapia

Uma abordagem emergente, a imunoterapia tem se mostrado eficaz no tratamento de alguns tipos de leucemia. Este tratamento envolve o fortalecimento do sistema imunológico do paciente para que ele possa identificar e destruir células cancerígenas.


FAQs

Leucemia tem cura?

Alguns tipos de leucemia podem ser controlados ou até curados, especialmente em crianças. O prognóstico depende do tipo e da fase da doença e da resposta ao tratamento.

Qual a diferença entre leucemias agudas e crônicas?

As leucemias agudas progridem rapidamente e requerem tratamento imediato, enquanto as crônicas evoluem de forma mais lenta e podem não apresentar sintomas iniciais.

A leucemia é hereditária?

A maioria dos casos de leucemia não é hereditário. No entanto, algumas condições genéticas podem aumentar o risco.

É possível prevenir a leucemia?

A prevenção direta da leucemia é desafiadora devido à sua natureza genética. Contudo, evitar exposição a certos produtos químicos e adotar um estilo de vida saudável pode reduzir o risco.

Quais são os fatores de risco para desenvolver leucemia?

Tabagismo, exposição a radiações ionizantes, produtos químicos como benzeno, e histórico de tratamento prévio com quimioterapia são fatores de risco conhecidos.

Quando devo procurar um médico?

Se apresentar sintomas como fadiga extrema, febre persistente, perda de peso inexplicada, infecções frequentes e sangramentos fáceis, é imprescindível buscar avaliação médica.


Conclusão

Entender que as leucemias variam significativamente em sua forma, progressão e tratamento é crucial para o diagnóstico e manejo adequados da doença. Consultar um hematologista é essencial para receber um diagnóstico preciso e elaborar um plano de tratamento eficiente. A dedicação à pesquisa e aos tratamentos inovadores continua a melhorar o prognóstico para os pacientes com leucemia, proporcionando esperança para estes pacientes.

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